Xarope de groselha sem açucar.
Mosketti, Carlos Mosketti. Carlos gosta de tomar suco de groselha com rodelas de limão quando a tarde é ensolarada e suco de laranja quando chove. Mosketti perdera tudo alguns anos atrás quando sua mulher o deixou, levando as economias de 15 anos.
Mosketti sabia que aquele casamento acabaria em lágrimas, na verdade quase tudo acaba em lágrimas. "Fins são complicados pra mim..." - diz ele, dando um gole na groselha e descendo seus óculos escuros da testa. "...Sinto essa tristeza infinita." Dá outro gole, faz uma cara feia e é normalmente ai que Mosketti dá uma vomitada no jardim.
Quando bebe suco de laranja tende a ficar menos melancólico. "Que vento bom esse!" - afirma, abrindo um pequeno sorriso de prazer, fechando um pouco sua blusa de linha e olhando para as nuvens no horizonte dá um gole e logo vomita no chão da varanda. Certa vez ele vomitou no cachorro de sua mãe, com quem mora.
Mas Carlos Mosketti tem alguns sonhos para o futuro, ele pensa em começar a tomar limonada aos domingos de manhã, pensa em parar de vomitar de uma vez por todas, pensa em quando o câncer vai matá-lo. "O câncer sou eu." - pensa ele, "Ele não vai me levar, eu é que vou levar ele. Ele que vai comigo.".
"BLERG!" joga o copo com o suco de groselha no gramado e o pequeno guarda-chuva que havia no copo rola fazendo sombra pra uma mosca que fica olhando pra Carlos. "Tá me esperando morrer, né, sua puta!" - fala alto. Carlos não sabe, mas ele não vai morrer hoje, ele vai morrer semana que vem e no mesmo dia o cachorro de sua mãe também vai morrer. Carlos sabe, todos sabem que quase tudo vai terminar em lágrimas, isso pouco antes das moscas chegarem.
Mosketti sabia que aquele casamento acabaria em lágrimas, na verdade quase tudo acaba em lágrimas. "Fins são complicados pra mim..." - diz ele, dando um gole na groselha e descendo seus óculos escuros da testa. "...Sinto essa tristeza infinita." Dá outro gole, faz uma cara feia e é normalmente ai que Mosketti dá uma vomitada no jardim.
Quando bebe suco de laranja tende a ficar menos melancólico. "Que vento bom esse!" - afirma, abrindo um pequeno sorriso de prazer, fechando um pouco sua blusa de linha e olhando para as nuvens no horizonte dá um gole e logo vomita no chão da varanda. Certa vez ele vomitou no cachorro de sua mãe, com quem mora.
Mas Carlos Mosketti tem alguns sonhos para o futuro, ele pensa em começar a tomar limonada aos domingos de manhã, pensa em parar de vomitar de uma vez por todas, pensa em quando o câncer vai matá-lo. "O câncer sou eu." - pensa ele, "Ele não vai me levar, eu é que vou levar ele. Ele que vai comigo.".
"BLERG!" joga o copo com o suco de groselha no gramado e o pequeno guarda-chuva que havia no copo rola fazendo sombra pra uma mosca que fica olhando pra Carlos. "Tá me esperando morrer, né, sua puta!" - fala alto. Carlos não sabe, mas ele não vai morrer hoje, ele vai morrer semana que vem e no mesmo dia o cachorro de sua mãe também vai morrer. Carlos sabe, todos sabem que quase tudo vai terminar em lágrimas, isso pouco antes das moscas chegarem.